domingo, 16 de junho de 2019

Ciência Nazista: Horror e Progresso

Autores: Bruno Henrique Matins Tavares, Lucas da Silva Cunha e Thiago Arcoverde Borges - 9B - EMEF Pe. Prof. Dr. Ramon de Oliveira Ortiz.


Muito se sabe sobre os dias de trabalho no projeto científico mais importante da Alemanha nazista: a fábrica subterrânea de mísseis Mittelrwerke ("Fábrica Central"). Lá se produzia o artefato bélico mais espetacular do planeta: o V2, foguete de 14 toneladas, capaz de chegar a 80 km de altitude e que causou pesados danos a Londres na Segunda Guerra. O primeiro objeto a ir além da atmosfera terrestre era a menina dos olhos de Hitler. Tanto que, assim que a "bela adormecida" – apelido da antiga fábrica do V2 – foi bombardeada pelos aliados, o Führer não mediu esforços para transferi-la para baixo da terra, em 1943. "Não deem atenção ao custo humano", disse o responsável pela obra, Hans Kammler. Mais de 20 mil prisioneiros morreram na fábrica – contra 7 mil baixas causadas pelo V2 na Inglaterra. A decisão de usar mão de obra escrava na construção como forma de reduzir custos foi aprovada por Wernher von Braun, criador e supervisor dos mísseis V2.

EUA, 15 de julho de 1969. Em uma entrevista sobre o lançamento da nave Apollo 11, um repórter pergunta a um dos responsáveis pelo projeto: "Você pode garantir que o foguete não vai cair em Londres?". Irritado com a ironia, o cientista abandona o evento. Tinham se passado 26 anos desde os mísseis de Nordhausen lançados sobre Londres. Ele trabalhava para os americanos desde 1945 (chegou à Nasa em 1960). Mas o fantasma do V2 ainda assombrava Von Braun.

Os americanos montaram o projeto Alsos para buscar reatores nucleares dentro da Alemanha em 1943. Ian Fleming, criador de James Bond e membro da Inteligência Naval britânica, tomou parte na T Force – seu grupo foi o primeiro a chegar à fábrica dos V2. Mas como isso tudo começou? Como o ideal de superioridade da raça ariana se transformou em objeto – e objetivo – da ciência alemã? De que forma a guerra contribuiu para o avanço tecnológico? Para responder a essas perguntas, é necessário voltar no tempo.


"Os guardas nos tocam a uma velocidade infernal, gritando e despejando golpes sobre nós, ameaçando-nos com execução, os demônios! O barulho vara o cérebro e rasga os nervos. O ritmo demente dura 15 horas. Chegando ao dormitório, nós nem sequer tentamos os catres. Bêbados de exaustão, desabamos nas pedras, no chão. Atrás, os guardas nos empurram. Os de trás passam por cima dos camaradas. Logo, mais de mil homens desesperados, no limite da existência e dilacerados pela sede, jazem ali à espera do sono que jamais vem. Pois os gritos dos guardas, o barulho das máquinas, as explosões e o clangor do sino da locomotiva nos alcançam mesmo assim", diz Jean Michel, líder da Resistência Francesa preso pelos nazistas, trabalhador escravo em 1943 na fábrica subterrânea de foguetes V2.


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