domingo, 16 de junho de 2019

Os Judeus na Polônia

Autoras: Maria Eduarda Ferreira e Tamires Eduarda Menezes Alves Marcondes - 9B - EMEFM Emílio Amadei Beringhs



    A história dos judeus na Polônia é muito antiga, sendo que as datas de imigração judaica não são muito bem conhecidas sendo somente estimadas. É dito, e confirmado por dados históricos, que houve a chegada de judeus na Polônia pelos séculos XI, XII e XIII, sendo que os principais motivos foram as cruzadas e a perseguição aos judeus que ocorria na Boemia. Outro motivo importante foi o tratamento relativamente bom da Polônia para com os habitantes de fé judaica, tendo como base, a partir de 1264 , a permissão de os judeus terem terras, negócios e liberdade de culto. Com a imigração de judeus da Alemanha, que trouxeram consigo seus dialetos germânicos e o hebraico, houve a formação da língua iídiche. 

No século XIV e XV, o anti-semitismo começou a surgir no país, e os nobres já nutriam um ódio pelos judeus; além disso, os judeus foram culpados pela peste negra e por essa acusação falsa e sem fundamentos reais foram massacrados. Houve também manifestações contra os judeus em 1348-49,1407 e 1494, o que mais tarde culminou na expulsão dos judeus de Cracóvia (região da Polônia). Durante o século XIV e XV os judeus participaram de diversas áreas comerciais e no fim do século XV começam a fazer trocas comerciais com Veneza, Constantinopla e outras cidades. A partir desse fato houve reclamações contrárias às atividades mercantis dos judeus devido a uma suposta injustiça nessas trocas. 

    No campo religioso e comunitário, no século XVI, a Polônia tinha em seus domínios 8% de toda população de judeus do mundo. Em 1551 os judeus ganharam o direito de escolher seu próprio rabino chefe, que tinha dentre muitas atribuições a de recolher impostos (70% dos quais iam para a nobreza polonesa para a manutenção da proteção dos direitos dos judeus). Nesse período, com o crescente poder dos rabinatos, as ieshivot (escolas judaicas para o estudo da Torá e o Talmud) cresceram em fama. Em 1569 houve unificação da Polônia e a Lituânia (constituindo a Comunidade Polonesa-Lituana) e depois a anexação da Ucrânia (sendo que muitos judeus foram colonizar estes novos territórios). 

    A nobreza polonesa fez uma parceria com os judeus fazendo muitos empreendimentos e em troca dos serviços enviava vinho, tinta, especiarias e roupas. Os judeus fundaram cidades pequenas e aldeias, denominadas Shtetls. Havia cerca de 173 comunidades de judeus por todo o território polonês (Grande Polônia, Ucrânia entre outras). Neste período de abundância e estabilidade, os judeus gozavam de um certo poder político, tendo seu próprio Conselho e tendo um aproveitamento grande como conselheiros de magnatas e nobres poloneses. 

    No século XVII houve uma revolta por parte dos cossacos (povo nômade russo) que atacaram os judeus, matando de 50.000 a 300.000 e obrigando outros tantos a fugir, sendo esse ataque considerado o primeiro Pogrom moderno. Esta revolta empobreceu grande parte da comunidade judaica, que foi levada a acreditar que o messias havia chegado na figura de Shabbetai Tzvi, quando na verdade este era um impostor. Quando esta solução falsa foi descartada, foi criado, por Baal Shem Tov, um movimento judaico que se chamava Hassidismo. No Hassidismo, o fervor na prática da religião e a alegria são exaltados, o que traz muitos judeus pobres que não tinham dinheiro para estudar de volta a crença completa na religião judaica. É importante ver que de forma alguma o Hassidismo desvaloriza o estudo. 

    No século XVIII a Polônia-Lituânia foi dividida entre o Império Russo, a Prússia e a Áustria. A maioria dos judeus poloneses ficou na Rússia morando em Schtetls. Catarina II, imperatriz da Rússia, devido a seu ódio aos judeus, obrigou estes a permanecerem em seus Schtetls, ou seja, os judeus ficaram sem o direito de ir as cidades. Em 1885 mais de quatro milhões de judeus viviam na Rússia. 

    No final do século XVIII, começa outro movimento denominado Haskalá (iluminismo judaico) em que a principal idéia é a de emancipação dos judeus, tornando o judeu um verdadeiro cidadão do país onde mora. Em 1862 ocorreu a emancipação judaica na Polônia, sendo retirados impostos e regras especiais para os judeus, mas mesmo assim o anti-semitismo continuou presente. 

    Os judeus lutaram, no século XX, por diversas bandeiras se dividindo em sionistas, não-sionistas, emancipacionistas, socialistas, entre outros grupos. Os judeus, que eram cerca de 14% da população polonesa lutaram na independência da Polônia, que ocorreu em 1918, da Rússia (já que esta tratava mal os judeus). É possível notar que o movimento sionista era o mais popular entre os judeus, pois alcançou cerca de 50% dos votos para eleição do Conselho dos judeus. 

    Em 1918, após a 1ª Guerra Mundial, os judeus começaram a ser massacrados por pogroms e, associados à revolução socialista comandada por Lênin e Trotsky (que era judeu), o governo proibiu os judeus de exercerem cargos públicos e o anti-semitismo começou a crescer, enquanto o poder econômico judaico começou o seu declínio. Antes da 2ª Guerra Mundial havia mais de 130 periódicos judaicos na Polônia e 30 jornais diários; mais de 50% de advogados e médicos da iniciativa privada eram judeus. A comunidade judaica polonesa era a segunda maior do mundo com 3,3 milhões de judeus. 

    Em 1939, com o começo da 2ª Guerra, a Polônia foi ocupada pela Alemanha e dividida com a URSS em diversos distritos. Com mais de 2 milhões de judeus sobre seu domínio, os germânicos fizeram guetos e bombardearam diversas instituições judaicas; também fizeram diversas restrições e medidas anti-semitas aos judeus. Em 1942, todos os judeus poloneses estavam confinados em guetos ou fugindo. Neste ano ainda, os guetos começaram a ser esvaziados com o assassinato em massa dos judeus ou a deportação para campos de concentração ou extermínio. Vários massacres foram perpetrados nos guetos como em Lodz, onde, de 74.000 judeus, sobraram 877. O resto foi para Auschwitz para morrer. Em Varsóvia, gueto onde ocorreu o bravo e histórico Levante, onde jovens judeus liderados por Mordechai Anilevitch resistiram à tentativa de liquidação do gueto, de 500.000 judeus, cerca de 300.000 foram para Treblinka, entre outros tantos guetos. 

    A Polônia tinha em seu território os maiores campos de concentração e extermínio: Auschwitz-Birkenau,Sobibor,Treblinka,Belzek,Chelmno, Majdanek, entre outros. De 3,3 milhões de judeus poloneses a população foi para 370.000 judeus após o Holocausto. 

    Mesmo após a 2ª guerra as atividades polonesas anti-semitas como Pogroms e políticas contrarias à cultura judaica continuaram (como a nacionalização de escolas judaicas, o que proibiu o ensino do iídiche e a proibição de emigração). Em 1947, havia cerca de 100.000 judeus na Polônia. Em 1958-59 houve 50.000 aliót e, em 1967 (após a Guerra dos Seis Dias) o país rompeu relações políticas com Israel. A partir de 1977, a Polônia começou a se abrandar em relação aos judeus e a Israel tendo só em 1990 (devido a queda do comunismo) restaurado relações diplomáticas com Israel. 

    Hoje em dia, cerca de 5.000 a 10.000 judeus vivem na Polônia. Diversas sinagogas, restaurantes kosher e instituições judaicas funcionam no território polonês. A Kehilá (União das Congregações Religiosas), instituição judaica mais importante do país, mantém funcionando sinagogas, cemitérios etc. A sinagoga mais antiga, que foi fundada no século XV e é chamada de Stara Sinagoga, fica em Cracóvia e hoje é um museu; há sinagogas em Varsóvia, Cracóvia, Chmielnicki, Lesko entre outras cidades. É possível visitar diversas instituições que tentam resgatar a cultura judaica-polonesa que foi severamente apagada pelas atrocidades ocorridas no país.Os campos de concentração e extermínio podem ser visitados até hoje e servem de lembrança dos tempos nefastos em que houve o assassinato de seis milhões de judeus pelos nazistas. 

    Hoje em dia há o projeto de construir o novo Museu da História Judaica em Varsóvia, e a cidade doou 13 milhões de dólares para a obra e o governo doou a mesma quantia também. 

    A Polônia já foi um país onde houve liberdade e estabilidade para os judeus, mas tornou-se um país lembrado talvez como o mais anti-semita de todos. É uma pena que a cultura de 3,3 milhões de judeus tenha sido destruída por nazistas alemães e poloneses; a tentativa do governo de reaver essa cultura é louvável e ao mesmo tempo obrigatória, mas nenhuma quantia em dinheiro irá reaver a cultura secular dos judeus no país e acima de tudo não ameniza a dor pelas vidas que foram perdidas em território polonês.  Os chanichim da Chazit, durante o Shnat Hachshará LeMadrichei Chul, visitam a Polônia com o objetivo de estudar a Shoá e a cultura judaico-polonesa, anterior a guerra. 

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